Dirigido por Marc Webb, esse
filme marca a volta do personagem mais popular da Marvel Comics ao cinema: o
Homem-Aranha. Depois do grande sucesso dos filmes dirigidos por Sam Raimi e
estrelados por Tobey Maguire, ficou a dúvida se essa nova aposta teria um
resultado tão bom ou amargaria um fracasso de bilheteria. E no final das
contas, o saldo foi positivo. Pode não ser algo perfeito ou espetacular, mas
certamente valeu a pena o ingresso.
Deixando as comparações de lado,
vale a pena ressaltar os acertos dessa produção. O primeiro deles não podia ser outro senão a
ótima escolha de elenco começando, é claro, pelo protagonista Peter
Parker/Homem-Aranha interpretado por Andrew Garfield. O ator já se declarou fã
do personagem em um importantíssimo evento de quadrinhos nos EUA e,
provavelmente com conhecimento de causa, conseguiu imprimir em sua
interpretação um tom mais autêntico para o personagem. Além da semelhança física
com algumas das primeiras versões do aranha no traço de John Romita, ele resgatou
uma característica muito marcante do personagem: o senso de humor. Na verdade,
foi esse o elemento que faltou nos filmes anteriores que, por sua vez, eram
muito mais carregados de drama. Outro elemento foi a mobilidade do personagem
na tela. Há cenas que parecem ter sido literalmente extraídas das páginas dos
quadrinhos de tão bem feitas e estilizadas.
Não se pode dizer o mesmo do
vilão escolhido: o lagarto. Interpretado por Rhys Ifans, o personagem deixou muito a desejar
em alguns momentos que poderiam ser melhor trabalhados. Dois exemplos nesse
sentido seriam a cena da ponte e a ``luta`` contra os policiais. Infelizmente,
só recebemos uma dose bem pequena de ação nessas cenas, algo que ajudaria a
criar um vilão bem perigoso e interessante. Outro aspecto negativo seria essa
questão da ``história não contada`` tão enfatizada na divulgação do filme. Se
por um lado esse mistério parece interessante no inicio, principalmente por ser
o que motiva Peter Parker em sua busca por respostas, por outro fica a sensação
(principalmente no final do filme) que talvez a história teria sido bem melhor sem
ele.
Outro detalhe bem que merece destaque é a atuação convincente da atriz Emma Stone no papel de Gwen Stacy, a primeira namorada de Peter no colégio. Além de também ter uma semelhança fisica com a personagem nos quadrinhos, ela têm cenas bem interessantes mostrando o inicio do romance entre ela e o herói. Inclusive, o roteiro aproveita para utilizá-la em situações que fogem do estereotipo namorada do herói/mocinha em perigo.
Vale ressaltar que esse filme se
assemelha muito também com a versão mais recente do personagem nos quadrinhos.
Trata-se de uma linha revistas conhecida como Universo Ultimate, criada com o intuito
de apresentar velhos personagens sob uma ótica mais moderna, atual e, por que
não, realista também. Tendo em vista que personagens mais antigos tinham sua
origem datada pelo fato de serem reflexos da época em que foram criados, viu-se
a necessidade de dialogar com os leitores mais jovens. E assim, surgiram
histórias na qual Peter Parker mais se parecia com um jovem dos dias atuais. O
mesmo ocorre com o filme no sentido de que o personagem interpretado por Andrew
Garfiled não é um nerd clássico e estereotipado dos anos 1960. É alguém comum,
como eu e você. Nesse sentido, está um dos grandes méritos do filme que soube
traduzir tão bem como seria nosso amigão da vizinhança na vida real.